segunda-feira, 21 de maio de 2012

Torino

Porque este espaço também tem como objectivo propor sugestões para o caminho que gostaríamos de ver os nossos dirigentes trilhar, vimos hoje lembrar uma triste história que ensombrou não só a nossa história, mas também a de um outro clube, e que continua, direcção após direcção, sem merecer o devido cuidado do Clube. Seria certamente do agrado de todos os sócios e adeptos que se “fizesse justiça”, com iniciativas que não só homenageassem quem deve ser homenageado mas que também nos engrandecessem como clube.

O Torino, fundado em 1906, conheceu as suas primeiras glórias com a conquista de dois campeonatos italianos, um em 1927, título esse retirado por denúncia de corrupção e outro em 1928. Entretanto, com a eleição de Ferruccio Novo em 1939 e com a contratação de importantes reforços, nasceu aquele que viria a ser conhecido internacionalmente por Grand Torino.

O Torino ganhou o título de 1943, e já no pós-guerra, conquistou quatro scudettis consecutivos de 1946 a 1949, sendo que esse último lhe foi entregue como título póstumo. Durante esse período, o Torino dominou o futebol italiano e seus principais rivais, Juventus e Inter.

A sua ligação ao nosso clube explica-se infelizmente de forma fatal. A 3 de Maio de 1949, o Benfica recebeu o Grand Torino no Estádio Nacional, num jogo particular que serviu para homenagear o nosso capitão Francisco Ferreira. O jogo em Lisboa foi uma exigência do capitão do Torino Sandro Mazzola, a grande figura da equipa italiana e amigo pessoal do nosso capitão. No regresso a casa, a 4 de Maio de 1949, o avião que transportava a equipa (31 pessoas) despenhou-se a menos de cinco quilómetros de Turim, sobre a basílica de Superga, não tendo havido sobreviventes.

http://www.youtube.com/watch?v=-QSv5SZ-rmk&feature=related

A saída de cena do Grand Torino mudou o futebol italiano e mundial. A Juventus aproveitou o espaço vazio para se lançar como potência em Itália, enquanto a selecção italiana, que chegava a alinhar de início com dez jogadores do Torino, deixou de ser favorita ao Mundial de 1950, tendo de facto sido eliminada na 1ª fase. Após a tragédia, o Torino entrou em decadência e só voltou a vencer o campeonato italiano em 1976.

Agora perguntamos aos nossos leitores quantas vezes ouviram falar nesta história, sem ser nas vossas leituras de fóruns ou blogs ligados a Benfiquistas, ou em livros e enciclopédias do Benfica? Com certeza, nenhuma. E o que custaria, e aqui valeria quer para os actuais quer para os futuros dirigentes, colocar uma nota de pesar no nosso site (e facebook) oficial a cada aniversário da triste tragédia? O que custaria convidar o Torino para uma edição da Eusébio Cup ou para um jogo de apresentação da equipa aos sócios? O que custaria retribuir a homenagem feita pelo Torino ao nosso Capitão e propormos-lhes a realização de um jogo em Itália na pré-temporada? O que custaria, à semelhança do que outras equipas que nada tiveram a ver com a tragédia fizeram, basear o terceiro equipamento na cor grená do Torino? Enfim, um sem-número de ideias, das mais simples às mais complexas, que nos permitiriam ser justos com a História.

A grandeza de um clube não se mede apenas pelo número de Títulos conquistados ou pelo seu poderio financeiro, mas também pelos seus Valores, pela sua Tradição e pela maneira de estar no desporto. Podem já ter passado 63 anos depois da tragédia mas nunca será tarde de mais para homenagear uma equipa de Verdadeiros Campeões que morreram após homenagear o Capitão do Sport Lisboa e Benfica. Isso iria engrandecer o Benfica e foi essa a Mística que os nossos antecessores nos transmitiram, o Companheirismo e a Amizade, a Humildade e o saber dar Valor a quem o merece!

Está na hora de Honrar os Verdadeiros Campeões, com a Humildade que sempre nos caracterizou.

E PLURIBUS UNUM

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