Porque este espaço também tem como objectivo propor sugestões para o
caminho que gostaríamos de ver os nossos dirigentes trilhar, vimos hoje
lembrar uma triste história que ensombrou não só a nossa história, mas
também a de um outro clube, e que
continua, direcção após direcção, sem merecer o devido cuidado do Clube.
Seria certamente do agrado de todos os sócios e adeptos que se “fizesse
justiça”, com iniciativas que não só homenageassem quem deve ser
homenageado mas que também nos engrandecessem como clube.
O
Torino, fundado em 1906, conheceu as suas primeiras glórias com a
conquista de dois campeonatos italianos, um em 1927, título esse
retirado por denúncia de corrupção e outro em 1928. Entretanto, com a
eleição de Ferruccio Novo em 1939 e com a contratação de importantes
reforços, nasceu aquele que viria a ser conhecido internacionalmente por
Grand Torino.
O Torino ganhou o título de 1943, e já no
pós-guerra, conquistou quatro scudettis consecutivos de 1946 a 1949,
sendo que esse último lhe foi entregue como título póstumo. Durante esse
período, o Torino dominou o futebol italiano e seus principais rivais,
Juventus e Inter.
A sua ligação ao nosso clube explica-se
infelizmente de forma fatal. A 3 de Maio de 1949, o Benfica recebeu o
Grand Torino no Estádio Nacional, num jogo particular que serviu para
homenagear o nosso capitão Francisco Ferreira. O jogo em Lisboa foi uma
exigência do capitão do Torino Sandro Mazzola, a grande figura da equipa
italiana e amigo pessoal do nosso capitão. No regresso a casa, a 4 de
Maio de 1949, o avião que transportava a equipa (31 pessoas)
despenhou-se a menos de cinco quilómetros de Turim, sobre a basílica de
Superga, não tendo havido sobreviventes.
http://www.youtube.com/watch?v=-QSv5SZ-rmk&feature=related
A saída de cena do Grand Torino mudou o futebol italiano e mundial. A
Juventus aproveitou o espaço vazio para se lançar como potência em
Itália, enquanto a selecção italiana, que chegava a alinhar de início
com dez jogadores do Torino, deixou de ser favorita ao Mundial de 1950,
tendo de facto sido eliminada na 1ª fase. Após a tragédia, o Torino
entrou em decadência e só voltou a vencer o campeonato italiano em 1976.
Agora perguntamos aos nossos leitores quantas vezes ouviram falar nesta
história, sem ser nas vossas leituras de fóruns ou blogs ligados a
Benfiquistas, ou em livros e enciclopédias do Benfica? Com certeza,
nenhuma. E o que custaria, e aqui valeria quer para os actuais quer para
os futuros dirigentes, colocar uma nota de pesar no nosso site (e
facebook) oficial a cada aniversário da triste tragédia? O que custaria
convidar o Torino para uma edição da Eusébio Cup ou para um jogo de
apresentação da equipa aos sócios? O que custaria retribuir a homenagem
feita pelo Torino ao nosso Capitão e propormos-lhes a realização de um
jogo em Itália na pré-temporada? O que custaria, à semelhança do que
outras equipas que nada tiveram a ver com a tragédia fizeram, basear o
terceiro equipamento na cor grená do Torino? Enfim, um sem-número de
ideias, das mais simples às mais complexas, que nos permitiriam ser
justos com a História.
A grandeza de um clube não se mede
apenas pelo número de Títulos conquistados ou pelo seu poderio
financeiro, mas também pelos seus Valores, pela sua Tradição e pela
maneira de estar no desporto. Podem já ter passado 63 anos depois da
tragédia mas nunca será tarde de mais para homenagear uma equipa de
Verdadeiros Campeões que morreram após homenagear o Capitão do Sport
Lisboa e Benfica. Isso iria engrandecer o Benfica e foi essa a Mística
que os nossos antecessores nos transmitiram, o Companheirismo e a
Amizade, a Humildade e o saber dar Valor a quem o merece!
Está na hora de Honrar os Verdadeiros Campeões, com a Humildade que sempre nos caracterizou.
E PLURIBUS UNUM
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