sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Quem mentes uma vez...e quem mente trinta!

Quem mente uma vez mente sempre e quem mente trinta vezes também não é gajo para se fiar muito, aqui fica um texto do Daniel Oliveira.

"Parado no Chiado à espera de um encontro marcado, ouço, de passagem, um homem dizer a outro, sobre, provavelmente, um colega de trabalho: “o que é que queres, não vou à bola com aquele gajo”. Não é que nunca tenha reparado, mas acho que é a primeira vez que penso no significado desta expressão: não ir à bola com alguém.

Ir à bola é uma coisa que fazemos com quem gostamos. Sendo um momento de libertação, em que todos os homens se tornam repentinamente em crianças grandes, gritam o que nunca gritariam, insultam como nunca insultariam, saltam, alegram-se, enfurecem-se de forma absolutamente irracional, a coisa é mais íntima do que parece. Não se vai à bola com qualquer um. Definitivamente, não se vai à bola com quem não nos inspira confiança. Não se vai à bola com quem não se vai à bola.

Os clubes de futebol, a começar pelo meu, foram invadidos por gestores incapazes de perceber o sentido desta expressão. Têm o futebol como o seu “core business”. Para melhorar o seu “benchmark” fazem “downsizing” no “headcount” do grupo. Desenvolvem um “business plan”, definindo o “target” para aumentar o “market share”. Têm “expertise” para garantir o “empowerment” da sua equipa, socorrendo-se do “benchmarking”. Trabalham o “branding” da marca e tentam pensar “out of the box”. E às vezes até falam em português. Mas no meio do seu insuportável jargão, que não tem evitado a ruína dos clubes, nunca compreenderão que a bola é mais do que um negócio. Nunca compreenderão porque os seus “clientes” não vão à bola com eles. São muito profissionais. Mas neste negócio, o seu “know how” serve de pouco. O Sporting foi o clube que mais rapidamente foi tomado por esta gente. O resultado está à vista. Porque os CEO’s são para as empresas. À frente dos clubes querem-se líderes de massas."

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