Quem mentes uma vez...e quem mente trinta!
Quem
mente uma vez mente sempre e quem mente trinta vezes também não é gajo
para se fiar muito, aqui fica um texto do Daniel Oliveira.
"Parado no Chiado à espera de um encontro marcado, ouço, de passagem, um
homem dizer a outro, sobre, provavelmente, um colega de trabalho: “o
que é que queres, não vou à bola com aquele gajo”. Não é que nunca tenha
reparado, mas acho que é a primeira vez que penso no significado desta
expressão: não ir à bola com alguém.
Ir à bola é uma coisa que
fazemos com quem gostamos. Sendo um momento de libertação, em que todos
os homens se tornam repentinamente em crianças grandes, gritam o que
nunca gritariam, insultam como nunca insultariam, saltam, alegram-se,
enfurecem-se de forma absolutamente irracional, a coisa é mais íntima do
que parece. Não se vai à bola com qualquer um. Definitivamente, não se
vai à bola com quem não nos inspira confiança. Não se vai à bola com
quem não se vai à bola.
Os
clubes de futebol, a começar pelo meu, foram invadidos por gestores
incapazes de perceber o sentido desta expressão. Têm o futebol como o
seu “core business”. Para melhorar o seu “benchmark” fazem “downsizing”
no “headcount” do grupo. Desenvolvem um “business plan”, definindo o
“target” para aumentar o “market share”. Têm “expertise” para garantir o
“empowerment” da sua equipa, socorrendo-se do “benchmarking”. Trabalham
o “branding” da marca e tentam pensar “out of the box”. E às vezes até
falam em português. Mas no meio do seu insuportável jargão, que não tem
evitado a ruína dos clubes, nunca compreenderão que a bola é mais do que
um negócio. Nunca compreenderão porque os seus “clientes” não vão à
bola com eles. São muito profissionais. Mas neste negócio, o seu “know
how” serve de pouco. O Sporting foi o clube que mais rapidamente foi
tomado por esta gente. O resultado está à vista. Porque os CEO’s são
para as empresas. À frente dos clubes querem-se líderes de massas."
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